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Raiva
Chorei
Mas só um pouco
Sofri
Mas já não ouço
Corri
Num gesto louco
Gritei
Um brado rouco
Te amo !!!
Mas só um pouco
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Exaustão
Só o odio racional
Da opção excludente
De se desejar melhor
Que ter e não ser
Só a solidão
Império das horas desiguais
Do dia a dia
Que adia a tempestade
Só o silêncio
E o escuro do quarto
Os olhos abertos
E os punhos cerrados
Só a certeza
De que te vejo
E te perco
E o sonho é o resto
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Refrão
A quem possa interessar
Não estou suportando mais a dor
Não tenho mais nada
A não ser você leitor
Minha história não é prosa
Nem tampouco poesia
É um choro cantado
Sem valor nem maestria
Sem estrofes
Só refrão
Tristeza... culpa...
E solidão
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Hoje e sempre
Viver já não é importante
Já não mais me encontro em mim
O amor se perdeu num instante
E, assim, não presto mais ao que vim
Pois é frio o que outrora foi quente
Existo no sofrimento de uma dor calada
Hoje sou, simplesmente, a sombra presente
De uma presença passada
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Ciranda
Cai sobre a sala o escuro
Um pesar mais que pesar
Recai sobre mim um conjuro
Sofrer por amor e calar
Já não me apraz o viver
Perdi a razão do meu mundo
Agora só há a sensação de morrer
Que num mesmo segundo secundo
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Lembranças
Costumávamos andar ela e eu
Abraçados um ao outro.
E, mesmo sombria a natureza ao nosso redor,
Ia conosco a eterna primavera.
E sorríamos de tudo.
De nós mesmos
E do tempo que não passava.
E a vida se bastava
No peito que nos unia
naquela doce caminhada.
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Presente
Toda brisa é suave quando se pode amar.
Toda fonte é infinita quando se quer viver.
Não importa mais o tempo.
O despertar é o meu prêmio.
O que ficou, passou.
Está no horizonte.
Onde céu e mar se tocam,
E o sol me cega.
Sem você nunca estou só.
Sou eu e você,
E sou nós.
Pra sempre.
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Lapsos
Me perdi na sua história.
Me encontrei na tua ausência.
Estou sentindo a sua falta.
Mais que tudo,
Mais que ainda.
Te imprimi na minha alma.
Minha dádiva divina.
Te encontro;
Te escondo;
Te procuro;
Me esqueço.
Minha nunca...
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day one
Ela chamou uma vez.
Uma vez mais.
E outra...
Eu levantei a cabeça...
Estava do lado de fora do carro.
Olhei pra trás.
Vi o carro destruído.
A noite me cegava.
O sangue me tingia.
E eu nunca me senti tão vivo.
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Pátio
Sua boca sorriu.
Sua dor te traiu.
O amor ressurgiu?
A dor é pouca...
E eu, criança,
Acreditei que bastaria acreditar
No que outrora foi amar.
Uma falsa esperança.
De repente, me fiz hóspede do vazio
Na imensa multidão do Higienópolis,
Local em que reencontrei a vida que deslembro.
E acordei pra mais um sonho ruim.
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Aliança
Tudo igual.
O mesmo vestido;
O mesmo olhar;
O mesmo sorriso;
A mesma dor.
E, após a longa espera, temida e cortejada,
Pude, finalmente, me perder.
Sofri com o ouvido,
Morri com os olhos.
Saudade...
Chorei um pouco mais.
O tempo não passou...
E pude ver que nada mudou no vasto reino da minha inexistência.
É preciso mais tempo
Pra saber o limite da dor.
É preciso mais tempo
Pra saber o limite do medo.
É preciso mais tempo
Pra saber o limite da raiva.
É preciso mais tempo
Pra saber o limite da vergonha.
É preciso mais tempo
Pra saber o limite do amor.
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Olhos fechados
Sinto meu espírito livre.
Indomável e veloz.
Sinto como se eu pudesse caminhar sobre a areia
Na profundidade dos oceanos.
Sinto como se eu pudesse tocar as estrelas,
Abraçar o mundo,
Beijar o sol
E dormir com a lua.
E sei que a vida sempre começa
Nos momentos em que eu preciso.
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Certeza
Entre tantos amores e desamores,
Só uma coisa é verdadeiramente certa:
A solidão.
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A caminho da sua casa...
Simplesmente por sorrir,
E me dar um motivo pra acreditar
Que o amor é capaz de salvar
É que eu me entrego à sua atenção.
E tudo o que você sente me atinge de tal forma,
Que o meu mundo se deforma
Quando você me diz a sua dor.
Mas você se foi da mesma forma que apareceu
E já nem entendo como tudo aconteceu.
Só ficou o seu sorriso
Na lembrança...
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Sumir
Eu não sinto. Eu não sei.
Não minto, cansei.
E se parto, parto assim
Sem saber pra onde
Mas com medo de voltar
Mesmo antes de partir.
Sem mim, vou sumir.
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Obra
Não importam as idéias.
Importam os atos.
E, para mim, as cortinas já se fecharam.
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Choro
Choro.
Só.
Sórdido.
É o inverno que se aproxima;
Inferno em mim.
Intenso em ti.
Circunda-me o frio,
Afasta-me o brio.
Choro...
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Noites e dias
Não são longas as noites
Mas são febris.
E de uma certeza solene:
De que os dias são cegos e surdos.
Ficarei acordado, então, esta noite
Contemplando os sonhos que não se sonham.
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Tremulando
Já não me faço em prosas ou rosas;
Já não sou afamado ou amado;
Só restou um ente doente
Sem ação, só extenuação.
Um covarde que arde
Sem paixão ou compaixão.
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Véspera da viagem
Tudo me dói
E um sopro me corre pela espinha
É a vergonha
É o remorso
O relógio parou
Alguém sonhou
E eu não acordei.
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Te penso
Te penso
Como te sonham os olhos meus
Te penso
E me domina uma afasia
Te penso
Mortualha de mil "eus"
Mas, mesmo assim, te pensando,
Me faço companhia
Eis o tormento deste escritor...
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Ectoplasmia
Tenho visto fantasmas ultimamente
Amigos que se foram
Parentes que se foram
O grande amor que se foi
Os vejo nas ruas
No trânsito
Ao meu lado
Caminhando
Sentados
Sorrindo
Calados
De todos eles, o único que realmente me assusta
é aquele que vejo diante do espelho.
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Sombra
"Se vivo é que perdi...
Se amo é que não amei...
E o grande bom sol ri...
E a sombra está aqui
Onde eu sempre estarei..."
(Pessoa)Se eu pudesse te ler nas entrelinhas,
Saberia da tua ausência em você.
E compreenderia.
E fazer-te-ia compreender
Que a sombra é só uma ilha
Em meio à luz
Que tu insistes em não ver.
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Pensamento
Repousa.
Não só o olhar,
Mas também o pensamento.
Pois meu pensamento vive sem vida
E eu, vendo a vida assim,
Vejo que tudo o que sou
É só um momento.
E o momento parou...
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Insônia
Insônia...
Falta de sono?
Falta de sonhos.
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Eu...
Eu não deixei de sentir.
Só parei de sorrir.
Eu não deixei de sofrer
Só parei de correr.
Eu não deixei de amar.
Mas parei de chorar.
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Felicidade e Espaço
E se alguém me visse chorando, agora? Aposto que especulariam equivocadamente. Mas, talvez, alguém conclua que choro por cansar de viver entre os espaços das fotografias, daqueles velhos álbuns. Já repararam que nos álbuns só existem imagens de bons momentos? Há quem acabe vivendo nos espaços vazios entre elas...
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Turva
A visão turva.
Todos sabem que eu uso óculos. Quando muleque, me gabava por ter uma visão perfeita. Enxergava longe... Mas o tempo passou e a miopia me pegou. Desde então, passei a usar óculos. Mas nesse dia, em especial, minha visão estava turva. Como? Levei um certo tempo pra descobrir. Afinal, tinha os óculos bem apostados na minha cara. Bastou levar os dedos às lentes e... ops. He he he. A lente esquerda havia caído. Claro. Aí estava o motivo. Bastou pra eu decidir qual dos olhos eu manteria aberto para poder enxergar a beleza do mundo.
PS: este "post" escrevi em homenagem ao Leonardo
Obs.: o "PS" foi em homenagem à Thati.
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Dias
Nada de mais... Só...
Tanto faz.
No meu ocluso coração
Na minha obsessa alma
Os dias passam assim
Devagar
Desbotados
E só.
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Rosas Vermelhas
Ai, que saudades das rosas
Vermelhas
E das suas pétalas
Borboleteando ao vento
Espalhando sua fragrância
Com a altivez que só as rosas podem ostentar
As vermelhas, claro...
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Esquecimento
O amor ruiu sobre a minha alma.
E soterrou-a.
Mas não sintas pena de mim,
Se acaso morro consciente.
Não mereço tamanho desdém.
Pois basta a mim essa dor onipotente.
Tudo o que tenho, hoje, é esquecimento
De mãos que se entrelaçam
De lábios que se tocam
De corpos que se unem.
Da minha exausta inteligência
Há um silêncio interior cheio de som
Que me deixa arqueado de terror.
A treva é menos negra que esta luz que se chama amor.
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Perdas
Estou cansado...
Minha vida está perigosamente incompleta.
E sinto medo.
Muito medo.
E o ódio é o meu inimigo mortal
E o meu mais fiel companheiro.
Ele me fez perder tudo:
O pôr-do-sol;
O sorriso da criança;
O cheiro da chuva no asfalto;
E a mulher maravilhosa que me trouxe de volta a esperança.
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Removendo o pó
Quantas noites inacabadas
Entre lágrimas inesgotadas
Fez-se a dor e fez-se o mar.
Sobre a lápide da esperança
Criou-se a profana lembrança
E no meu coração um achacar.
Se queres saber o meu problema,
É assim o meu dilema:
Te viver sem me notar.
Mas não saias exibida
Com os louros da partida
Ou um sorriso a inebriar
Pois já não há mais idolatria.
E da minha topiaria,
Só saem figuras a lamentar.
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Estou...
Estou cansado...
De sonhar;
De sofrer;
De sorrir.
Estou pensando...
Em me matar;
Em me manter;
Em me mentir.
Estou enlouquecendo...
Por te amuralharar;
Por te amortecer;
Por te...
Por ti existir.
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Bipolaridade
De você eu vou me lembrar da frieza.
Dela eu me lembro do fogo existente no olhar.
De você eu vou me lembrar do egoísmo.
Dela eu me lembro da cumplicidade.
De você eu vou me lembrar da solidão.
Dela eu me lembro do companherismo.
De você eu vou me lembrar, eternamente, do "não".
Dela eu me lembro do "eternamente".
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Recrudescente
Não tenho mais o tempo que passou
Nem a vida que sonhei
Tampouco o amor que me guiou
E de mim mesmo, nada sei
Nada resta a esta mente
Submersa na loucura
Além da dor preeminente
Da enfermidade da procura
Sou a sombra de mim mesmo
Projetada no espelho da solidão
Sou palavras atiradas a esmo
Nas profundezas da escuridão
Das vias da existência nua
Sou a rua sem saída
Insistindo na casa sua
Mas jubilado da própria vida
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Solidão e pão
Escrevo só pra mim.
Pra mais ninguém.
Enquanto isso, a morte ronda o quarto dos fundos
E, diariamente, me traz uma surpresa ruim.
Me faz pedir perdão pelos crimes que não cometi
E pelas palavras amargas que ainda não disse.
E, assim, fujo de tudo e de todos,
Trancado num peito incapaz de sonhar.
E procuro um sorriso espontâneo pra afugentar o pensar.
Penso nas feridas da carne,
Que me tirariam a dor do desejo.
E penso na vida que tive
E no amor que me roubou o último suspiro;
Que se foi com o vento da manhã que não chegou.
Morro a cada momento,
'inda que eu acredite que mais não possa morrer.
Essa é a tortura que me imponho sem piedade.
E a música que toca no fundo
É o som das pessoas felizes;
Um mundo que já não existe pra mim.
E o fim do ano se aproxima,
Como um presságio mal fadado.
E a clarividência do fracasso
É o filme que eu vejo nos olhos meus,
Toda vez que o despertador anuncia uma nova eternidade.
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Esquecer-me
Me desculpe se ainda te amo,
E por esta saudade incontrolável
Que continua me sufocando
Me desculpe por esta paixão
Que ainda consome meu coração
É que afogo-me em infinita solidão
Se o presente insiste em tardar
E as palavras não me deixam calar
É porque eu te preciso aqui logo
Pra reencontrar a felicidade no teu colo
Esta é a nudez da minha alma
Que persiste em me enganar o querer
Pois esqueci-me de te esquecer
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Em tudo
Você está em tudo
Nos outdoors das avenidas
Nos Peugeots em meio ao caos
Nas garotas bem vestidas
Nas poesias do sarau
E eu sozinho fico mudo
Por temer que em meio ao tudo
Tu te faças meu final
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Aconteceu
Então... Aconteceu...
Um anjo de cabelos negros sorriu,
E algo em mim estremeceu.
E o tempo parou...
E o mundo calou...
E o coração bateu.
Desapareceu o vazio.
Só um calor em meio ao frio,
Nos olhos que foram de encontro aos meus.
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Jornada
Vou me reinventar
Vou sumir nalgum outro lugar
Que não este lar hostil
Que me baixa ao chão
E sem pressa de desembarcar
Vou correr sem me notar
Andar a mil
Pra enganar o meu coração
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Distâncias
Sobre a mesa na qual me encontro apoiado agora, eu fixo um ponto do qual partem todas as retas que definem a minha vida hoje:
A garrafa de whisky a 20 centímetros;
O cigarro apoiado no cinzeiro a 5 centímetros;
Suas fotos a 40 centímetros;
E a quilômetros e quilômetros as suas carícias.
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Flores
Belas são as flores.
Nelas reside a beleza que existe em cada dia.
Não há pureza que se compare ao nascimento de uma nova flor;
Uma nova alma que vem ao mundo só para apreciar a harmonia que existe entre as flores que nascem e morrem ao acaso.
Sou a flor que há de nascer
Ou aquela que já desfolhou?
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Sede e fome
Me arquejei de sede e fome;
Tropecei na minha própria sepultura;
Meu derradeiro leito que me consome;
Uma cova de trevas e amargura;
Me enterrei em mim
Num compêndio sem fim
Um cláustro de loucura
E com sede e fome vagueio a te procurar
Passo os segundos só a abservar
O teu banquete sem fartura
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Regresso
E o vento soprou...
Soprou bem forte
E me trouxe pro mesmo lugar.
Naveguei ao relento e até vi um novo amanhecer.
Mas escureceu rápido.
E o vento mudou de direção novamente.
Vou navegar um pouco mais...
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Novo endereço
Onde estará você?
De quem eu não sei mais o por quê
Nem quando, nem qual...
Sumiu deixando rastro
E, no caminho, desfez o meu castro
Pôs em mim uma dor sem igual
Me tirou todo amor e o prazer
Do que, ao seu lado, eu acreditava viver
A intocável felicidade que a gente teceu
Fiz-me pó à brisa soturna
Que me sopra pra dentro da furna
Da nova morada que se chama eu
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Um último beijo
Um último beijo, eu ousaria lhe pedir.
Uma última lembrança
Pra saciar a minha fome de você.
Pode ser breve.
E não precisa ser sincero.
Só um último beijo
Pra me trazer uma lembrança perdida
E selar o abismo que se fez.
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Primavera
Ainda dói, e muito
Como um espinho miúdo
Cravado, profundo
Nas lembranças de outrora
Um doce amargar
A primavera já se encosta
E o tempo demora
Sutilmente
Como uma brisa de agrado
À beira do mar
Me entrego ao cansaço
De quem já chorou mais do que podia aguentar
Uma tristeza certa e precisa
Me derruba, me descarna
Me faz delirar
É um delírio incompleto
Repleto de ironias
Vago e inútil
Trazido dos jardins do passado
De outras primaveras que insisto em lembrar
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Volte
Pra onde foi a felicidade?
Sei. Foi contigo ao revoar.
E levou toda a alacridade.
Sem sorrir, sem avisar.
Quanto à mim, só há saudade;
E uma sina a me guiar:
Viver a tua eternidade;
Só te sentir e te pensar.
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Esperança
Sentou-se,
Curvou-se,
E caiu.
Depois empalideceu.
E escureceu.
Por fim, desapareceu.
Foi pra algum lugar que inda não sei.
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Sem sentido
Meus desejos são preces
São palavras atiradas no espelho
São ecos no esgoto da minha alma
Uma flor morta bóia nos sonhos que não tenho mais
As frases que vomito esculpem a minha morte
Uma mentira mal contada
Um engano admitido
Um ser postiço que talho na manteiga embolorada
Não procure você sentido neste lamúrio
É só uma breve tristeza
Um beco ermo que atravesso durante a chuva fina
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Chove
A chuva chegou
E com ela veio o frio
Minha alma gélida a saúda
E minha mente chora
Respingos da minha dor
Colam no vidro do quarto
E a ausência insiste em me atormentar
Estou à deriva no mar do meu próprio ser
A chuva chegou
E trouxe a estupidez
De uma vida sem surpresas
De uma obra inacabada
A monotonia me devora
Vegeto no vazio dos sentidos
E os dias se acumulam
Como as gotas na viela
A chuva chegou
Pra limpar as minhas lágrimas
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Flor de Espinhos
Meu silêncio é o teu prêmio
Ó bela flor
Consiguistes se livrar
Do que eu entendia ser amor
Me pedistes pra ser forte
Pra não chorar a tua dor
Vais partir pra outros braços
Tens o tempo a teu favor
Decidistes me deixar
Sem receio nem rancor
Vencestes tua batalha
Mas sem glória nem louvor
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Novo dia
Olhei pela janela e o dia amanheceu novamente
Por que o sol insiste em nascer?
Me sinto um deserto
No qual nem eu estou
Sou uma carne inteligente e doente
Minha alegria é tristeza
Tudo perdi
Nada serei
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Estação
Quem sabe na próxima estação...
Ela pode estar lá me esperando
Prestes a entrar neste vagão
E no mundo de falsas ilusões
Viajaremos juntos para o infinito
Nesta vida de finitas emoções
Quem sabe na próxima estação...
Porque até agora, nesta manhã
Digo que toda a viagem foi vã
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Te amo
Hoje, tirei o dia pra te amar
Relembrar os bons momentos
Sem tristeza nem contento
Simplesmente te amar
E nada mais
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Vivenciando
Vamos beber !!
Tomar todas !!
Brindar a solidão !!
Recepcionar o gosto amargo da perda !!
Vamos dedicar nossa derrota a todos que amaram e perderam !!
Vamos abraçar aqueles que amam sozinhos !!
Vamos invejar os amores que perduram !!
Vamos cobiçar as mulheres erradas !!
Depois vamos cuspir em nossa própria face
E enterrar a nossa invisibilidade
Num buraco tão profundo
Que seremos incapazes de lembrar da época em que choramos por elas
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Desacordado
No canto vejo um violão sem cordas
Não canto mais
Não sei mais como se faz
Desaprendi todas as notas
Porque pra cantar é preciso coração
O que o meu peito já não traz
E a minha vida se desfaz
Se ouso tentar uma canção
Então me deito
E observo o dia passar
Quem sabe quando a manhã clarear
O violão volte ao ponteio...
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Velocidade terrível da queda
Minha vida secou
Virou um livro sem palavras
Uma melodia construída sobre acordes menores
Um jornal velho pra embrulhar peixe
Sem água, nem poesia,
Me atirei no abismo
Numa queda livre sem vertigens
E, próximo ao chão,
A penúltima descoberta
Minha alma fez-se pequena
E efêmera
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Pureza
Desejo que sejas feliz
Desejo que encontres alguém que faça por ti
O que não pude fazer
Desejo que se entregues a outro
Como se o mundo estivesse prestes a acabar
Desejo que ames por mais tempo
Que conseguiste me amar
E, por fim, desejo que o sal das minhas lágrimas
Queimem o teu rosto
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Passagem
Minhas lembranças
São sombras na escuridão
Sorrir é um risco
Chorar é o meu chão
Sofrer é o meu vício
Seguir na contramão
Sonhar é preciso
Viver, já não...
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Futuro do Pretérito
Ahh... se ela estivesse aqui agora...
Tudo seria diferente
Talvez eu dissesse como foram longos os dias
Como foram sombrias as noites
Talvez eu dissesse sobre os sonhos que não tive
Sobre os planos que refiz
Talvez eu dissesse que vivi num mundo só meu
Rodeado de uma esperança amarga
Mas, certamente, diria que a amei em cada segundo
No breu da minha solidão
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Até um dia...
"Até um dia, então..." ela disse
Dois anos resumidos num
"Até um dia, então..."
Sonhos e planos
Renúncias e compreensão
E um
"Até um dia, então..."
Tristeza maior que essa?
Não.
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Dor
O telefone não toca...
O mundo passa
O tempo disfarça
Mas o telefone não toca...
O dia começa
O sonho acaba
Mas o telefone não toca...
A dor se renova
A esperança se afasta
Mas o telefone não toca...
Os olhos queimam
O coração se retorce
Mas o telefone não toca.
Não toca...